Freud antes e hoje: notas sobre a atualidade do pensamento freudiano
Júlia Reis da Silva Mendonça
Resumo
Para que se possa pensar na atualidade do pensamento de Sigmund Freud e no que ele instituiu como método psicanalítico faz-se importante um resgate da fala do psicanalista Jacques Lacan que nos adverte sobre a posição do analista. Lacan, em 1980, durante um seminário em Caracas, enuncia “Eu venho aqui para lançar a minha causa freudiana. Vocês podem ser lacanianos, se, assim quiserem. Eu sou freudiano”. Com essa fala ele nos dá uma orientação fundamental: a teoria freudiana está na base da formação psicanalítica.
Desse modo, a descoberta original freudiana acerca do inconsciente, que “promove um descentramento da razão e da consciência” (GARCIA-ROZA, 2002, p.20), é retomada por Lacan em seu primeiro ensino, marcado por um retorno a Freud. O sujeito do inconsciente é lido, por Lacan, a partir da linguística, por meio de uma inversão da proposição de Saussure, a fim de defender a primazia do significante sobre o significado.
Assim, Lacan (1957/1998) toma o estruturalismo como referência com o objetivo de defender que, para além da fala, existe a estrutura da linguagem: o sujeito está submetido à linguagem que pré-existe a ele. Além de formalizar o conceito de inconsciente a partir do algoritmo do signo linguístico, lido a partir da teoria do significante, Lacan estrutura as teorias freudianas do complexo de Édipo, da castração e do recalque, bem como formula a metáfora paterna. Do mesmo modo, ele redefine a teoria freudiana da libido pela teoria do desejo e da metonímia; e define as máximas que orientam a teoria e clínica em seu primeiro ensino: “o inconsciente é estruturado como uma linguagem”, e “o significante é o que representa um sujeito para outro significante”.
Referências
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