As contribuições de Sandor Ferenczi acerca da violência sexual infantil.
Marcella Brito dos Santos
Resumo
Este artigo visa discorrer acerca das contribuições de Sandor Ferenczi (1992[1933]) para pensarmos a questão do trauma precoce, especificamente em casos de abuso sexual infantil e seus impactos intrapsíquicos. O referido autor traz importantes considerações acerca das psicopatologias oriundas desse tipo de trauma, dando destaque a clivagem psíquica e demais fenômenos como a introjeção do agressor e a progressão traumática oriundos da cisão egóica desse sujeito. Trauma este que é potencializado quando há um desmentido de terceiro que invalida sua experiência, causando um conflito psíquico e sensorial nessa vítima (dessubjetivação). Em seguida, faremos um breve recorte histórico-cultural dessa prática que atenta sorrateiramente contra direitos fundamentais tendo em vista que, na maioria dos casos, é perpetrada por um adulto do ambiente intrafamiliar ou com vínculos afetivos com a criança. Abordaremos também o panorama do abuso sexual contra crianças e adolescentes e os desdobramentos psicossociais no contexto da Covid-19. Usaremos como método a revisão bibliográfica de materiais pertinentes ao tema para embasar o trabalho. É importante considerar que esse tipo de violação se constitui um grave problema de saúde pública que adoece todo o tecido social; sendo imprescindível seu enfrentamento através de políticas públicas eficientes, sobretudo em tempos de distanciamento social. Deste modo faz-se igualmente indispensável aos profissionais de saúde, sobretudo mental, instrumentalizar sua práxis para acolher essa demanda cada vez mais frequente na contemporaneidade.
Palavras-chave
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